Evento fez parte da Semana Acadêmica e foi ministrado por Aline Valentim, com Sumalgi Nuru como convidado
Na quinta-feira (17/10), o Instituto de Artes e Comunicação Social da UFF recebeu a Oficina Exu, comunicação e movimento, apresentada por Aline Valentim, bailarina e mestre em Ciências Sociais pela UERJ. A atividade é uma ação conjunta do projetos de extensão Dissemina e Mídias, redes e jovens, coordenados pelas professoras Geisa Rodrigues e Carla Baiense Félix.
O evento explorou a temática de Exu e como ele se conecta com a dança e com a comunicação. Durante o evento, os participantes foram convidados a seguir os passos de Aline e se deixarem conectar com Exú, enquanto Sumalgi, uma aparição inesperada no evento, tocava instrumentos e compunha a música do ambiente.
Segundo Aline, mestre em Ciências Sociais pela UERJ e a dançarina por trás da oficina, o orixá e o movimento são dois elementos intrínsecos um ao outro. “Música e dança fazem parte desse ser de Exu, é um ser que corre e percorre caminhos, que faz e refaz o destino, promove encontros, que promove comunicação. E, na nossa matriz africana e afro-brasileira, o corpo é algo muito presente em tudo. Corpo, dança e música. Então, a gente não se comunica se não passar pelo corpo, pela dança e pela música. Para a gente é base de comunicação.”, comentou Aline.
Além de possuir mestrado em Ciências Sociais pela UERJ, Aline também é bailarina, professora e produtora de eventos, e ela conta que a ideia para realizar a oficina durante a Semana Acadêmica, que ocorreu na semana dos dias 14 de outubro até o dia 18, surgiu de um projeto que já acontece no IACS. “Eu já venho desenvolvendo esse trabalho aqui na UFF com a professora Geisa, ainda lá no IACS antigo, e eu tenho aulas contínuas todas as terças-feiras. Inclusive, eu participei da semana acadêmica do ano retrasado”, afirmou a dançarina.
A oficina contou com a participação de Sumalji Nuru, mestre em música e instrumentos africanos e performance pela Universidade do Cabo e convidado inesperado na atividade. Sumalji, inicialmente, realizaria o evento “Mbirance: encontros emergentes com a ancestralidade”, no Anfiteatro do IACS, na mesma quinta-feira da oficina de Aline. Eles contam que o encontro dos dois foi algo que ultrapassou o controle de ambos. “A natureza nos trouxe até aqui. Simples. Eu vi o evento da Aline e pensei ‘parece o mesmo local, parece uma hora depois. E eu cheguei aqui hoje [quinta-feira] e montei o som. Ainda não era assim, juntos, mas já era. A gente que não sabia ainda”, contou Suma. A pesquisadora ainda comenta que a sensibilidade dos artistas também contribuiu para que o evento fosse realizado em conjunto.
“Às vezes a gente tem tudo planejado, a gente não se abre ao momento, a gente empobrece. Se tivesse sido separado, ia ser muito menos interessante. Então a gente tem que estar disposto a entender o que o tempo de agora traz, que trouxe esse encontro que foi incrível. Acho que todo mundo saiu daqui encantado”, contou.
Ainda, Aline conta que suas vivências como bailarina e pesquisadora tiveram uma influência importante na criação da oficina. “Eu entrei na universidade e eu ainda não dançava, e queria entender as diferenças do mundo, entender o racismo. Então eu tinha um desejo de transformar tudo. Mas eu mesma ainda estava presa muito nesse sistema. E foi através da dança que eu realmente encontrei o meu espaço de libertação, o meu espaço de expressão, e entendi que essa era a minha forma de mudar o mundo, através do conhecimento e da vivência que o corpo traz, algo que o meio acadêmico não traz”, finalizou.
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