Marcelle Chagas participou de uma palestra na Universidade Federal Fluminense (UFF), onde discutiu como a comunicação, tecnologia e ativismo podem se conectar. O evento foi mediado pelo professor Pedro Henrique Conceição na disciplina Comunicação Relações Étnico-Raciais.
Depois de sua apresentação na Universidade Federal Fluminense (UFF), Marcelle Chagas falou sobre a disseminação de desinformação em comunidades periféricas, um assunto que ela vê como importante no contexto atual.
“O tema central do meu estudo de mestrado enfatiza a disseminação da desinformação nas periferias, uma temática que considero emergente na atualidade. Vivemos em um tempo em que notícias falsas influenciam de forma enfática nas decisões políticas, sociais, econômicas, afetando de maneira desproporcional a coletividade mais vulnerável. Preferi o tema, porque percebo que o combate à desinformação é uma ferramenta essencial para assegurar o acesso à informação de qualidade, algo fundamental para fortalecer a democracia e tornar a sociedade mais justa.”
Marcelle falou ainda sobre a pressão por cliques e o desafio de manter a neutralidade em um ambiente polarizado e discutiu as dificuldades éticas que os profissionais de imprensa enfrentam no Brasil, ressaltando sua vivência no comitê de ética do Sindicato dos Jornalistas do Rio.
“Os maiores obstáculos éticos abrangem o combate à desinformação, a imposição das expressões por cliques, perdendo-se a qualidade e a segurança de neutralidade em uma esfera de ideias divergentes acerca de um mesmo contexto, assunto ou problema. Ademais, os jornalistas confrontam-se com grandes dificuldades para não se deixarem levar por interesses políticos e econômicos que influenciam o trabalho da imprensa.”
Finalista do Troféu Mulher Imprensa e do Prêmio HSBC de Sustentabilidade, Marcelle destacou que essas honrarias demonstram que é possível aliar responsabilidade social, sustentabilidade e jornalismo. O último prêmio, tem por objetivo incentivar a produção de conteúdos jornalísticos sobre sustentabilidade, levando em conta as vertentes do tema. A pesquisadora afirmou que os prêmios foram divisores de águas em sua carreira em relação à consolidação do jornalismo no desempenho crucial na sensibilização ao tema da sustentabilidade. "A mídia pode e deve ser um instrumento eficaz para orientar a sociedade, seja conscientizando o público em relação ao meio ambiente ou influenciando em políticas governamentais.", afirmou. "Esses reconhecimentos mostram que é possível aliar jornalismo, responsabilidade social e impacto sustentável, o que me motiva a continuar lutando por um mundo mais justo e representativo", afirma.
A jornalista destaca, ainda, a reportagem sobre empregos verdes, que a levou ao Prêmio HSBC: "Ela foi um acontecimento importante na minha carreira, porque fortaleceu a concepção de que o jornalismo é de fato um canal fundamental na conscientização sustentável. A mídia pode e deve ser um meio forte para educar os membros da sociedade, influenciar políticas públicas e envolver diversas áreas a desenvolverem práticas que colaborem com a preservação do meio ambiente. A matéria teve como principal personagem uma catadora de papelão que não imaginava que teria um importante papel na cadeia de empregos verdes.” Segundo a jornalista, essa experiência reforçou a importância da cooperação global e lhe deu ideias valiosas que passaram a ser aplicadas em projetos no Brasil, especificamente em iniciativas inovadoras direcionadas à desinformação e a promoção da inclusão em áreas periféricas.
Marcelle também falou sobre sua participação no University Initiative 2023, uma iniciativa da Fundação Clinton que reuniu líderes globais em prol de questões ambientais, sociais e econômicas. Ao refletir sobre essa experiência, Marcelle, explicou que esse evento teve impacto direto em seu trabalho no Brasil: "Aqui no país, tenho trabalhado para aplicar essas aprendizagens em projetos como o "Comunicação Para Transformar", que capacita jovens de comunidades periféricas por meio do letramento informacional."
Marcelle enfatizou que participar desta conferência foi uma oportunidade única de compartilhar suas experiências e obter insights de líderes globais sobre como transformar desafios sociais em resultados positivos. Assim sendo, ela destaca que o evento ainda trouxe uma importante lição: a integração da tecnologia com a educação, tendo por finalidade, combater problemas como a desinformação. Além disso, a pesquisadora enfatiza que seu aprendizado é aplicado em seus projetos no Brasil e menciona o "Comunicação Para Transformar", que capacita jovens da periferia por meio do letramento informacional. "Ouvir histórias de líderes como o ex-presidente Bill Clinton foi uma experiência incrível."
Ao final, ela deixou uma mensagem para os alunos que estão se formando em jornalismo:
“Usem suas vozes e suas plataformas para amplificar histórias que precisam ser contadas. Invistam em empatia, compromisso e busca constante por justiça social. O jornalismo tem o poder de transformar realidades e, como comunicadores, podemos ser práticos de mudanças, seja combatendo a desinformação, promovendo a equidade ou inspirando novas gerações”, afirma.
コメント