O Projeto Dissemina ministrou nos dias 11 e 13 de junho oficinas de Graffiti, Audiovisual e Afrobeat no Colégio Estadual Visconde de Itaboraí, na cidade de Itaboraí, região metropolitana do Rio de Janeiro. As oficinas tiveram o objetivo de levar novas perspectivas, afrocentradas, para turmas do Ensino Médio, trazendo o questionamento acerca da representação do corpo preto nas circulações midiáticas tradicionais, com ações direcionadas nos campos da comunicação, cultura e educação.
A oficina de Afrobeat foi proporcionada pelo democrático-congolês e aluno do curso de Publicidade na Universidade Federal Fluminense Alexandre Saad. O estilo consiste em uma combinação de música yorubá, jazz, highlife, funk e diversos ritmos de todo continente africano, é também apelidada por Alexandre como “dança da África”. Ela aconteceu nos dois dias de evento e movimentou mais de 30 alunos da escola. Em seus primeiros momentos, os passos foram demonstrados enquanto os estudantes percebiam as diferenças e similaridades dos passos e ritmos africanos com os do Brasil, contando inclusive com a presença de uma aluna surda e sua tradutora. No segundo e último dia a apresentação foi finalizada com muitas palmas e comemorações dos alunos, que haviam ensaiado pela última vez e mostraram em um vídeo os movimentos aprendidos, conjugados com movimentos dos passos de dança brasileiros.
A oficina de Audiovisual em seu primeiro dia tratou-se de uma aula sobre o tema. Foi ministrada pelas alunas de Publicidade e Jornalismo da Universidade Federal Fluminense, Victória Henrique e Victoria Pereira, com a monitoria da bolsista de extensão Tatiane Rocha. E ao fim do dia uma atividade foi deixada para os alunos que atenderam a oficina: gravar material em celular para a edição no aparelho na aula seguinte. O tema sugerido foi “de que forma a cultura negra faz parte do seu cotidiano?” e os alunos podiam escolher entre fazer vídeos de caráter mais jornalístico, com entrevistas, ou mais de entretenimento, com atuação ou danças. No dia 13 a oficina se incumbiu de assistir a todos os vídeos gravados, fazer a decupagem dos mesmos e por fim editá-los no próprio celular do aluno. As responsáveis responderam perguntas e deram mais explicações sobre ângulos, filmagem, cortes, inclusão de músicas e equalização do som, dentre outras coisas.
A oficina de Graffiti, aplicada pelas alunas de Publicidade da UFF, Emanuelly Araújo e Ester Félix, aconteceu apenas no dia 13 de junho e foi dividida em duas partes. A primeira, teórica, foi uma aula sobre o Graffiti e todo seu panorama e histórico negro, incluiu também um dicionário de gírias do meio e o significado dos termos necessários para entender esse universo. Os alunos também tiveram a oportunidade de fazer seus próprios desenhos nos stencils para a aplicação deles posteriormente. A segunda parte consistiu nessa aplicação e na prática da arte. O tema escolhido para marcar a parede do muro interno da escola foi a representação de ícones da cultura Negra do Brasil e do mundo.
O Projeto Dissemina, um projeto de extensão da Universidade Federal Fluminense, levantou com as oficinas no Colégio Estadual Visconde de Itaboraí uma discussão sobre os efeitos do racismo e da falta de representatividade na comunicação hegemônica para além dos limites da Universidade. As oficinas proporcionaram a troca de experiências e vivências com os alunos do ensino médio do colégio e os alunos do curso de Comunicação Social da UFF. Foi um evento de desconstrução e de reflexão, um sucesso para o Dissemina.
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