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Dissemina UFF

‘Disseminando: crítica midiática e letramento racial’ aponta caminhos para descolonização do olhar

Oficina ocorreu em 25/10/22 e contou com a participação de Monique Paulla, Pedro Henrique e Isabela Evaristo

Por Esther Almeida



Monique Paulla, Pedro Henrique e Isabela Evaristo comandam a oficina | Foto por: Pablo Alberto dos Santos

A oficina “Disseminando: crítica midiática e letramento racial” ocorreu no último dia 25, no Instituto de Arte e Comunicação Social da Universidade Federal Fluminense (UFF), e expôs, através da troca entre diferentes perspectivas, quais métodos poderão ser utilizados no desafio da descolonização do olhar. O evento foi organizado por integrantes do grupo de pesquisa Dissemina Lab junto aos alunos inscritos na disciplina “Atividades em Projeto de Extensão II”, e contou com a participação de Monique Paulla e Pedro Henrique, doutorandos em Mídia e Cotidiano pela UFF, e também de Isabela Evaristo, bacharel em Comunicação Social e graduanda em Jornalismo pela mesma instituição.


A primeira etapa do evento, dividido em duas partes, foi responsável por introduzir os conceitos teóricos da discussão. Isabela Evaristo trouxe a letra da canção “Ismália” de Emicida, a fim de fomentar uma reflexão acerca de como pessoas pretas são vistas — e se veem retratadas — na mídia brasileira, e aproveitou para elucidar ao público a influência dos meios de comunicação para a manutenção da marginalização de grupos minoritários.


“As mídias possuem um papel importantíssimo na construção dos estereótipos, desses estigmas, que fazem com que a gente sofra tanta discriminação, tanta violência. Mas ao mesmo tempo que tem um papel importante na construção e na manutenção dos estigmas, também tem um papel importantíssimo na ruptura. E é nisso que precisamos focar, na ruptura”, afirmou a publicitária.


Isabela Evaristo fala sobre papel da mídia na construção de estigmas | Foto por: Pablo Alberto dos Santos

Ao falar sobre a análise crítica da mídia, Pedro Henrique propôs uma reflexão através de quatro perguntas chaves, que questionavam a forma de criação de produtos midiáticos, além dos efeitos de seus conteúdos e da responsabilidade — e identidade — de quem estaria “apto” a escolher o que os indivíduos podem ou não consumir. O comunicador social convidou os ouvintes a refinar o olhar ante as mídias para que consigam se conscientizar cada vez mais.


“Todo discurso midiático está imbuído de diversas proposições, ele tem motivo. Tudo tem motivo. Tudo tem intenção”, pontuou Pedro Henrique.


O letramento racial, proposto pela oficina, pode ser interpretado como uma leitura crítica das produções presentes na mídia, capaz de detectar as discriminações implícitas em uma obra. Em outras palavras, ser “letrado”, neste sentido midiático, é avaliar criticamente tudo o que se consome no cotidiano, no intuito de reconhecer possíveis violências e saber como lutar contra elas.

Segundo Monique Paulla, a jornada de aprendizado, que transpassa o letramento, deverá ser repleta de leituras, escutas e trocas de experiências com pessoas diversas. Por intermédio do reconhecimento das pluralidades e da busca de informações, consegue-se ampliar sua própria perspectiva de mundo e agir, ativamente, contra o pré-estabelecido por grupos hegemônicos.


“Letramento é entender o que está permeado no nosso cotidiano, que fala sobre nossos hábitos, nossa cultura, nossos gestos e complementam a nossa leitura [...] ele pode ser uma ferramenta para que aprendamos a lidar [com as discriminações] e podermos defender-nos e defender aqueles que estão conosco”, declarou Monique.


A PRÁTICA DO FERRAMENTAL



Ouvintes participam da prática proposta pela oficina | Foto por: Pablo Alberto dos Santos

Após compreender o que significa, efetivamente, o letramento racial, os ouvintes foram convidados a ponderar sobre a força dos enunciados que veem diariamente na grande mídia e a pensar em como as imagens criadas por eles trabalham no imaginário social.


No momento da prática do ferramental, Pedro Henrique e Isabela Evaristo convidaram os demais a avaliarem diversas peças publicitárias, além de cenas de filmes e manchetes de jornais tradicionais. Dentre os exemplos, havia campanhas de “O Boticário”, trechos de filmes como “Os Farofeiros” e “Pantera Negra”, além de reportagens do “O Globo”.


Os ouvintes puderam participar ativamente das atividades propostas pelos participantes e a conversa tornou-se mais descontraída, através do bate-papo direto fomentado pela troca de experiências entre os que estavam presentes na sala. A prática foi repleta de análises dos discursos intrínsecos em cada obra midiática, considerando suas consequências para diversos grupos sociais.


Ao final da oficina, Monique, Pedro e Isabela aproveitaram para ratificar a importância do letramento racial e também, dos outros diversos tipos de letramentos existentes, que se encaixam em uma grande variedade de grupos e pessoas. O trio ainda relembrou a necessidade do envolvimento dos profissionais de comunicação na quebra desses paradigmas e fizeram votos por uma mídia repleta de obras descolonizadas.


“Espero que todos que participaram desta oficina tenham entendido tudo o que foi pensado e falado, e saiam comprometidos em ser profissionais que venham a romper com essa colonialidade do poder. Que vocês possam produzir suas obras a partir de um olhar descolonizado”, concluiu Isabela Evaristo.


Confira parte da oficina



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