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Mais que um atleta: LeBron James e o protagonismo negro no audiovisual

Astro do Los Angeles Lakers e da NBA quer trazer mais representação e novos discursos para pessoas negras através de investimentos no setor da Comunicação



Bruna Rodrigues

LeBron James em quadra pelo Los Angeles Lakers (Foto: Meg Oliphant/Getty Images)


Dono de quatro títulos da NBA e atual campeão do basquete americano pelo Los Angeles Lakers, o jogador LeBron James vai protagonizar a sequência do clássico de animação “Space Jam”, intitulado “Space Jam: Um Novo Legado”, com previsão de lançamento em 15 de julho deste ano. Entretanto, o que poucos sabem é que o camisa 23, um dos principais precursores da luta antirracista na liga, escolheu a Comunicação como um de seus campos de atuação pela representatividade e o empoderamento preto.


Ao lado do amigo de infância Maverick Carter, o astro é fundador da produtora SpringHill Entertainment, batizada em homenagem ao conjunto habitacional no qual viveu durante a adolescência com sua mãe na cidade americana de Akron, Ohio. O conglomerado, que recebeu no último ano um investimento de mais de US$ 100 milhões, foi criado para dar voz aos consumidores e produtores invisibilizados pela mídia tradicional.


A empresa também se destaca por possuir, entre seus mais de 100 funcionários, 64% de pessoas racializadas e 40% de mulheres em uma área na qual a média gira em torno dos 25%.


Maverick Carter e LeBron James, fundadores da SpringHill (Foto: Ike Edeani for Bloomberg Businessweek)


O longa “Space Jam: Um Novo Legado” é uma das produções da marca de LeBron, que também possui em seu portfólio o quadro televisivo “The Wall” (importado para o Brasil pelo programa Caldeirão do Huck, da TV Globo), e o talk show do canal HBO “The Shop: Uninterrupted”, que possui três temporadas e aborda discussões importantes em barbearias espalhadas pelos Estados Unidos.


O “Uninterrupted” é um dos projetos da SpringHill, desenvolvido para difundir as vozes dos atletas em temáticas familiares, ativistas, artísticas e de empreendedorismo. A plataforma obteve um investimento de pouco mais de US$ 15 milhões da Warner Bros, parceira de LeBron na produção de “Space Jam 2”, e chegou ao Canadá com apoio do rapper Drake.


- Quando falamos sobre contar histórias, queremos chegar em muitas casas nas quais todos sintam que podem fazer parte dessas histórias e sentirem-se como “Oh, quer saber? Eu me identifico com isso” - disse LeBron ao comentar sobre sua produtora.


Imagens oficiais de "Space Jam: Um Novo Legado" (Foto: Entertainment Weekly)


O armador dos Lakers também é o nome por trás da série “Survivor's Remorse”, protagonizada pelo ator Jessie T. Usher (de “The Boys”) e as atrizes Teyonah Parris (de “WandaVision”) e Tichina Arnold, que gira em torno das vivências de Cam Calloway, uma sensação do basquete que ascende repentinamente no esporte.


Outra importante produção em seu portfólio é o documentário “Shut Up and Dribble” (Cale a Boca e Drible, em português), uma resposta às críticas da jornalista conservadora Laura Ingraham sobre seu ativismo político. O filme conta com falas de jogadores como Dwyane Wade, Draymond Green, Kevin Durant, bem como os rappers Jay-Z e Kendrick Lamar e o cantor Justin Timberlake.

Em 2020, LeBron também se destacou no audiovisual como produtor-executivo da série da Netflix “Self Made: A Vida e a História de Madame C.J Walker”, sobre a primeira afro-americana milionária que construiu um império na indústria capilar voltada para mulheres pretas. A obra rendeu para a renomada atriz Octavia Spencer, vencedora do Oscar, uma indicação ao Emmy.


Octavia Spencer interpreta Madame C.J. Walker na série "Self Made", produzida por LeBron James (Foto: Amanda Matlovich/Netflix)


Uma das questões levantadas por Spencer após o lançamento da série foi a importância da atuação masculina como aliados nas demandas de mulheres negras, que enfrentam diariamente não apenas o racismo, mas também o machismo e a misoginia. A atriz revelou que LeBron e Maverick Carter se posicionaram em seu favor em suas exigências para a Netflix por salários equivalentes:


- Estávamos em processo de negociação e chegamos a um impasse com certas coisas. Liguei para Maverick e LeBron para avisá-los. Eu não sei o que foi dito, mas eu sei que Maverick e LeBron fizeram uma ligação e eu consegui o que queria. É triste que tenhamos que fazer isso, mas eles fizeram, e é com pessoas assim que estou trabalhando: que não têm problemas para se posicionar - disse Spencer na ocasião.


LeBron James não é o único da NBA na produção audiovisual, que já contou com outros astros como Chris Paul, Stephen Curry, Kyrie Irving e Kobe Bryant, vencedor do Oscar com o curta-metragem “Querido Basquete”, falecido em janeiro de 2020. Um dos maiores nomes do Houston Rockets e hoje no Washington Wizards, Russell Westbrook também produziu um documentário sobre o Massacre de Tulsa, maior ataque racial da história dos EUA, previsto para ser lançado em junho deste ano.


É minha responsabilidade. Todos os dias eu saio de minha casa e entendo que não é só sobre mim - LeBron James

LeBron James nos playoffs da NBA em 2020 (Foto: Jim Poorten/NBAE via Getty Images)


Os esforços do Camisa 23 em sua empresa, bem como seu reconhecimento como o maior jogador em atividade na liga e um dos maiores do esporte mundial, potencializam o alcance de suas produções e das de seus colegas, instrumentos importantíssimos na construção de uma comunicação mais diversificada e, consequentemente, de uma sociedade mais representativa.


- Eu estou bem tendo essa pressão da minha comunidade e de outras comunidades negras que olham para mim e me procuram em busca de inspiração ou orientação. É minha responsabilidade. Todos os dias eu saio de minha casa e entendo que não é só sobre mim. Eu estou representando muitas pessoas - declarou o astro dos Lakers.


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