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Dissemina UFF

“E que toda Maria passe na frente!”

Atualizado: 14 de mar. de 2021


Com o enredo “De Alma Lavada”, a escola de samba Unidos do Viradouro homenageou As Ganhadeiras de Itapuã, grupo musical formado por descendentes das mulheres negras escravizadas de Salvador, que trabalhavam na lagoa do Abaeté e, com o dinheiro que arrecadavam, compravam sua alforria e a de outras mulheres. Ao escolher contar uma parte da história do Brasil protagonizada por estas mulheres, os carnavalescos ganharam os jurados e se tornaram campeões do carnaval carioca.





A Viradouro também trouxe a história das quituteiras – mulheres que vendiam doces e outros quitutes para complementar a renda – e dos pescadores que eram ajudados pelas ganhadeiras com as redes de pesca, e davam pequenos peixes em troca dessa ajuda, que eram fundamentais para alimentação dessas mulheres e suas famílias.

Ela veio com um grito de representatividade, ao trazer a tradição cultural, referenciando a ancestralidade negra e as questões feministas discutidas atualmente. Ao homenagear Oxum, nesse mergulho na Lagoa do Abaeté e no mar de Itapuã, tocaram um ijexá (atabaque que ficou em meio aos ritmistas) em alguns momentos no desfile, clamando o trecho “Oh mãe, ensaboa, mãe” junto com o público da arquibancada.

Mostrando a transformação dos terreiros em ateliês, onde mulheres realizavam manufaturas e passando por manifestações folclóricas que influenciaram o surgimento de As Ganhadeiras de Itapuã, o desfile homenageou grupos folclóricos formados por mulheres no Brasil.


Com um capricho nas alegorias e fantasias, desde a comissão de frente, com uma sereia em um aquário de sete mil litros de água, até a ala das baianas que, representando as quituteiras, jogavam cocadas para o público. A escola de samba apostou na intimidade e na animação do público.





Muitas mulheres ainda ganham sua vida em trabalhos informais, em sua maioria negras, pobres e de periferia, que também vivem vidas duras, privadas, oprimidas e precárias. Hoje elas não trabalham para comprar a alforria, mas, trabalham para ter condições dignas de existência e sobrevivência. A Viradouro trouxe a força da mulher negra por trás da história. Há uma cultura a ser valorizada, e a união desse povo tem valor e esperança.


Assista:








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